13 milhões de brasileiros estão vivendo com diabetes, conforme os dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Desse montante, apenas a metade deles sabe que possui a doença. 

Por isso, o nosso objetivo, mais do que falar sobre diabetes, é explicar o que é a doença, apresentar os sintomas de diabetes, falar sobre os tipos de diabetes e quais são as causas, entre outros!

O que é diabetes?

Antes de mais nada, é preciso explicar o que é diabetes. A doença está listada entre as mais antigas que a humanidade conhece, pois já aparece a cerca de três mil anos antes das documentações dos egípcios.

Diabetes é uma doença que tem como característica a hiperglicemia. A hiperglicemia significa que a glicose está elevada no sangue. O aumento da glicose no sangue pode ocorrer por diversos motivos:   

  • Quando o corpo (pâncreas) não é capaz de produzir a insulina.
  • A quantidade de insulina produzida não é suficiente.
  • O organismo não faz uso da insulina produzida de forma adequada (resistência insulínica).

A insulina nada mais é um hormônio produzido no pâncreas e possui função de facilitar a entrada da glicose, que está no sangue, dentro das células.

Quais os tipos de diabetes?

A diabetes é subclassificada em dois tipos principais. Cada uma delas possui suas características, que serão explicadas nos itens abaixo. Acompanhe. 

Diabetes tipo 1

Diabetes tipo 1 é uma doença comumente descoberta quando a pessoa ainda é criança ou está na fase da adolescência, mas que pode ser descoberta em qualquer outra faixa etária.   

Nosso sistema imunológico começa a entender que as células do pâncreas que produzem a insulina são invasoras, passando a atacar essas células e destruí-las. Isso mesmo, como se essas células fossem uma infecção ou um corpo estranho ao nosso organismo. Com isso, o órgão não produz mais a insulina, que é o hormônio responsável por fazer com que a glicose entre dentro das células.

Diabetes tipo 2

Diabetes tipo 2 é a mais comum e está presente em quase 90% dos casos. Neste tipo de diabetes, o pâncreas produz insulina normalmente. No entanto, há o que chamamos de resistência insulínica. 

As células do nosso corpo têm dificuldade de captar a glicose no sangue com a insulina que o pâncreas produz. Isso faz com que o pâncreas tenha de produzir mais e mais insulina. 

No entanto, as células do pâncreas que produzem a insulina começam a se cansar e parar de produzir o hormônio após algum tempo, dando início ao diabetes. Esse processo é chamado de falência pancreática.

É comum esse tipo de diabetes aparecer em pessoas com mais de 40 anos e estão obesas ou sedentárias. No entanto, existem subtipos em que pode ocorrer a falência pancreática mais precocemente. Fato é que, como o processo de falência pancreática é lento e progressivo, além de os sintomas poderem ser leves ou ausentes, é muito comum que as pessoas convivam durante anos com a doença sem diagnóstico. 

O que causa diabetes?

A causa da diabetes varia conforme o tipo da diabetes: tipo 1 ou tipo 2. Abaixo, vamos explicar as causas.

Causas da diabetes tipo 1

No caso da diabetes tipo 1, a causa tem relação direta com o fato de ser uma doença autoimune e atinge entre 5% a 10% dos diabéticos em todo o Brasil. Ou seja, por algum motivo ainda desconhecido, nosso corpo entende que essas células são estranhas e as atacam especificamente.

Causas da diabetes tipo 2

Já no caso da diabetes tipo 2, a doença é causada por fatores como: 

  • hábitos alimentares inadequados;
  • sobrepeso;
  • obesidade;
  • sedentarismo;
  • hipertensão;
  • triglicerídeos elevados. 
  • genético

Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2?

A principal diferença entre diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2 é justamente a forma como o corpo vai reagir à insulina.

Enquanto no tipo 1 o corpo deixa de produzir ou produz a insulina de forma reduzida, no tipo 2, a produção existe, porém, o organismo cria uma resistência e isso faz com que ela não seja usada adequadamente.

Após o pâncreas aumentar sua produção de maneira exponencial, ele entra em falência, reduzindo, assim, a níveis muito baixos a produção de insulina. 

Quais os sintomas de diabetes?

Embora exista diferença entre a diabetes tipo 1 e tipo 2, os sintomas que manifestam esta doença são iguais. 

No entanto, na diabetes tipo 1, os sintomas podem aparecer de forma mais grave, por ser causada pela abrupta interrupção na produção de insulina pelo pâncreas e ocorrer em pacientes mais jovens, fazendo com que os mesmos convivam mais tempo de vida com a doença. Por isso, conheça quais são os sintomas.

Sintomas da diabetes

  • Vontade de urinar muitas vezes ao longo do dia;
  • fome frequente;
  • sede constante;
  • emagrecimento;
  • fraqueza;
  • alterações de humor;
  • vômito;
  • náusea;
  • visão embaçada;
  • feridas que demoram para cicatrizar;
  • formigamento nos pés e nas mãos;
  • infecções frequentes na pele, rins e bexiga.

Como saber se tenho diabetes?

Para você saber se tem diabetes, o primeiro passo é uma análise a respeito do aparecimento dos sintomas que foram mencionados acima. 

No entanto, como ela é uma doença silenciosa, a prevenção sempre é o melhor remédio. Por isso, é fundamental buscar o acompanhamento médico, principalmente em situações em que já há casos na família.

Isso ainda vai envolver a realização de exames laboratoriais dos tipos: 

  • glicemia em jejum;
  • hemoglobina glicada; 
  • teste de tolerância à glicose.

Quais os fatores de risco para diabetes?

Mais do que saber o que é diabetes, seus sintomas e outras características, a pessoa também precisa conhecer quais os fatores de risco para diabetes. Nos subtópicos abaixo, vamos explicar cada um deles. Acompanhe!

Dieta rica em carboidratos e gorduras

Fatores de risco para diabetes, incluindo dieta rica em carboidratos e gorduras, que podem elevar os níveis de glicose no sangue.
Fatores de risco para diabetes: dieta rica em carboidratos e gorduras pode aumentar a glicose no sangue, elevando os riscos de desenvolver a doença. É importante manter uma alimentação equilibrada.

Quando comemos de forma excessiva carboidratos e gorduras, esses alimentos contam em sua composição com nutrientes que podem impactar diretamente na elevação dos níveis de glicose no sangue. Com isso, os riscos de sofrer com a doença são maiores. 

Os carboidratos são fundamentais para o desenvolvimento das atividades celulares do corpo, mas, no caso da diabetes, como eles são convertidos em açúcar, isso pode ser prejudicial. Por isso, é preciso consumi-los de forma equilibrada, para que todas as necessidades do corpo sejam atendidas. 

Consumo de bebidas alcoólicas e cigarro

Consumo de álcool e cigarro como fatores de risco para diabetes, ambos aumentam a resistência à insulina
Álcool e cigarro: fatores que aumentam o risco de diabetes. O consumo dessas substâncias pode elevar a resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento da doença.

O consumo de bebidas alcoólicas também é um fator de risco para diabetes, porque, tanto a bebida quanto o cigarro, podem fazer com que o paciente tenha sua resistência à insulina aumentada.

Por sua vez, o tabagismo faz com que a pessoa tenha aumento de resistência à insulina, contribuindo para a inflamação crônica e o estresse oxidativo, que são duas condições propícias para que a pessoa esteja suscetível a sofrer com a doença. 

Gravidez

Gravidez e diabetes gestacional, mostrando como os hormônios da placenta podem afetar a eficácia da insulina durante a gestação
Diabetes gestacional: hormônios da placenta podem reduzir a eficácia da insulina, aumentando o risco de diabetes durante a gravidez.

Quando a mulher está grávida, sua placenta produz hormônios que podem ter impacto direto na capacidade que o corpo apresenta de utilizar a insulina de forma adequada. 

Ao contrário da diabetes tipo 1, a diabetes gestacional não é causada pela falta de insulina, mas por outros hormônios produzidos durante a gravidez que podem tornar a insulina menos eficaz — uma condição chamada de resistência à insulina. Os sintomas da diabetes gestacional normalmente desaparecem após o parto.

Apesar de não ser conhecida a causa exata da diabetes gestacional, alguns fatores podem fazer com que as chances de ela ser desenvolvida aumentem, como: 

  • sobrepeso e obesidade;
  • mais de 45 anos;
  • histórico familiar;
  • ter tido diabetes gestacional em uma outra gravidez;
  • ovário policístico.

Sedentarismo

Sedentarismo como fator de risco para diabetes, destacando como a falta de atividade física pode contribuir para a resistência insulínica.
O sedentarismo pode levar à resistência insulínica, aumentando as chances de desenvolver diabetes.

A pessoa que é sedentária também está sujeita ao aparecimento da doença, porque a falta de atividade física faz com que o nosso organismo seja prejudicado de várias maneiras, dentre elas, pela conhecida resistência insulínica. 

Obesidade

A obesidade pode ser definida como um fator de risco para a diabetes tipo 2. Isso acontece porque a pessoa sofre com o acúmulo de gordura no corpo. Isso gera modificações em seu metabolismo que impactam, tanto na produção (necessidade de aumento de produção) como no uso da insulina (resistência insulínica). 

Obesidade como fator de risco para diabetes tipo 2, mostrando como o excesso de gordura no corpo afeta a produção e o uso de insulina.
A obesidade pode causar resistência insulínica, levando o pâncreas a produzir mais insulina, o que aumenta o risco de diabetes.

Devido ao peso que está em excesso, o pâncreas precisa trabalhar mais, produzindo uma quantidade maior de insulina.

Além disso, os tecidos do corpo ficam menos sensíveis à insulina (resistência insulínica), forçando o pâncreas a aumentar ainda mais sua produção de insulina. Esse é um dos motivos que muitas vezes ao dosarmos os níveis de insulina em um paciente pré-diabético, identificamos altos níveis de insulina no sangue.

História familiar

História familiar como fator de risco para diabetes devido à predisposição genética
História familiar: a predisposição genética pode aumentar o risco de desenvolvimento do diabetes, especialmente em pessoas com familiares que possuem a doença

 

Mais um fator é o histórico familiar: como a doença é genética, a pessoa está sujeita ao desenvolvimento, tanto da diabetes tipo 1 como da diabetes tipo 2. Apesar disso, não quer dizer que a pessoa vai obrigatoriamente desenvolver a doença, mas o histórico familiar pode aumentar essas chances.

Qual tipo de diabetes é mais grave?

Como a diabetes tipo 1 pode ter origem genética ou autoimune, e ser geralmente descoberto na infância ou, ainda, na adolescência, é considerada como a mais grave. 

Por ter início na infância e adolescência, normalmente, o paciente com diabetes tipo 1 convive um maior tempo de sua vida com a doença. Além disso, ele não apresenta um estágio de pré-diabetes, devendo, desde o início da doença, realizar a reposição da insulina diariamente. 

Na infância e adolescência, muitas vezes, os pacientes não têm o entendimento necessário para compreender as consequências tardias da hiperglicemia, não cuidando da diabetes no início.

Por esses motivos, os pacientes com diabetes tipo 1, muitas vezes, experimentam mais cedo as consequências tardias da diabetes com a retinopatia diabética, nefropatia diabética, AVC, infarto, neuropatia diabética, oclusões de artérias, dentre outras.

Qual tipo de diabetes toma insulina?

Ambos os tipos de diabetes podem precisar repor insulina. No entanto, na diabetes tipo 1, o pâncreas para de maneira abrupta com a produção da insulina, fazendo com que o paciente precise repor insulina diariamente, a partir do dia que descobre a doença. 

Por outro lado, o diabetes tipo 2, por gerar uma falência lenta e progressiva do pâncreas, inicialmente é geralmente tratado com medicamentos até que ocorra a falência completa do pâncreas, momento que inicia-se a reposição de insulina. 

Como prevenir a diabetes?

A manutenção de hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir a diabetes. Para isso, é fundamental contar com uma alimentação que seja saudável e balanceada. No entanto, tudo isso precisa ser aliado à prática constante de atividades físicas. 

É importante, ainda, que a pessoa evite o consumo de bebidas alcoólicas, bem como o tabaco e outras drogas. A manutenção do peso dentro do que é recomendado também é muito importante.

Para ajudar na prevenção, é imprescindível também consumir água de forma adequada, reduzir o estresse e não fazer uso de medicamentos sem orientação médica. 

Diabetes tem cura?

Infelizmente, a diabetes tipo 1 não tem cura e a diabetes tipo 2, normalmente, também não têm cura. A diabetes tipo 1 não tem cura devido à morte completa de todas as células que produzem a insulina do pâncreas.

No entanto, dependendo do estágio em que o paciente com diabetes tipo 2 estiver, a realização de cirurgias para emagrecimento tem reduzido a resistência insulínica do paciente e feito com que pacientes retornem a níveis normais de glicemia nos casos onde ainda não há a falência completa das células produtoras de insulina no pâncreas.

Como é o tratamento para diabetes?

Como são dois tipos de problemas, a maneira em que serão tratados também é diferente. 

Tratamento de diabetes tipo 1

No caso da diabetes tipo 1, o pâncreas não tem capacidade de produzir insulina. Assim, o tratamento envolve a reposição da insulina diariamente. É preciso medir constantemente a glicose através de dispositivos. A dose do hormônio e a frequência em que o paciente deve receber a insulina vão variar conforme o paciente. 

Tratamento de diabetes tipo 2

O tratamento inicial de diabetes tipo 2 depende do estágio de produção de insulina pelo pâncreas em que é feito o diagnóstico da diabetes.

No entanto, de modo geral, o tratamento se inicia com atividade física, medicamentos de uso oral para fazer com que o nosso corpo consiga utilizar a insulina de maneira mais adequada, devido à resistência insulínica. 

Conforme a progressão da doença, dá-se início à reposição de insulina, quando os medicamentos orais não são suficientes para manter o açúcar no sangue em seus níveis normais.

Quais as consequências da diabetes?

São problemas de longo prazo, que podem se desenvolver gradualmente e levar a danos sérios, se não forem controlados e tratados. Segundo a DIABETES.UK, abaixo estão as principais complicações da diabetes.

Problemas oculares (retinopatia diabética)

Trata-se de diversas alterações oculares que podem levar à cegueira.

Ataque cardíaco e AVC

O entupimento das artérias gerado pela hiperglicemia aumentam as chances de infarto no coração e AVCs.

Problemas renais (nefropatia diabética)

A lesão renal pode levar o paciente à falência completa dos rins e necessidade de hemodiálise.

Danos nos nervos (neuropatia diabética)

A neuropatia diabética pode fazer com que os nervos tenham dificuldade de transmitir mensagens entre o cérebro e todas as partes do corpo, o que pode afetar a maneira como vemos, ouvimos, sentimos e nos movemos.

Doença gengival e outros problemas bucais

Muito açúcar no sangue pode levar a mais açúcar na saliva, trazendo bactérias que produzem ácido. Elas podem atacar o esmalte dos dentes e danificar as gengivas. 

Problemas nos pés

A neuropatia diabética gera insensibilidade dos pés, causando feridas difíceis de cicatrizar e dores neuropáticas. Essa complicação, conhecida com pé diabético, pode levar à amputação, em caso de complicações.

Dr. Eduardo Pires é ortopedista especialista em cirurgia do pé e tornozelo pela USP. Dedica-se ao tratamento do pé diabético e suas complicações.

Caso tenha o diagnóstico de diabetes ou suspeita, procure um endocrinologista para diagnóstico e tratamento. E se surgir alguma complicação com seus pés ou calosidades, acompanhe com um ortopedista e evite complicações.

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