Osteomielite e o pé diabético: Como identificar?
A osteomielite é uma infecção óssea causada predominantemente por bactérias ou fungos. Quando esses micro-organismos invadem o osso, elas se alimentam do osso, gerando destruição óssea local.
Indivíduos com diabetes, podem ter feridas nos pés! Quando estas feridas estão contaminadas por microorganismos, como por exemplo bactérias, estas podem chegar até o osso e causar uma osteomielite.
O pé diabético pode ocultar essa ameaça. Feridas profundas, muito secretivas e mesmo aquelas pequenas, mas que nunca fecham, muitas vezes podem estar associadas a infecções profundas, como a osteomielite.
Acompanhe este artigo e explore comigo os detalhes sobre a osteomielite e o pé diabético. Continue a leitura!
O que é pé diabético?
O pé diabético é uma complicação comum em pessoas com diabetes. Trata-se de qualquer lesão na região plantar do pé em um paciente com algum grau de neuropatia diabética. A neuropatia faz com que o paciente perca a sensibilidade dos pés, fazendo com que as feridas ou ferimentos aconteçam sem o paciente notar. Além disso, a lesão das artérias fazem com que o suprimento sanguíneo diminua, dificultando ainda mais a cicatrização destas lesões.
Qual a relação do pé diabético com a osteomielite?
A osteomielite é uma infecção óssea, resultante da penetração de microorganismos, tais como bactérias, micobactérias e até fungos no osso. Essa penetração faz com que haja destruição óssea.
A infecção óssea normalmente gera dor e inchaço no local, devido a inflamação local que ocorre das células de defesa do nosso corpo tentando combater esses microorganismos.
No entanto, pacientes com pé diabético possuem insensibilidade dos pés, devido a neuropatia diabética.
Isso faz com que o paciente com pé diabético não sinta dor nos pés, muitas vezes não sentindo dor mesmo nos casos de fraturas nos pés, como ocorre na Artropatia de Charcot.
Com o surgimento das feridas / ferimentos comuns nos pés diabéticos, a barreira (pele) que protege os tecidos profundos dos pés é perdida. Isso possibilita que microorganismos penetrem nos tecidos profundos dos pés, como músculos, tendões, nervos e até no osso.
Quando esses microorganismos penetram no osso, podem gerar uma destruição óssea. Essa destruição óssea é denominada OSTEOMIELITE.
Agora imagine um paciente com uma ferida no pé por um longo período, que não cicatriza e mantêm-se colonizado por microorganismos! Imagine que o paciente não sente dor e continua pisando e tomando banho sobre com essa ferida em contato com o chão do banheiro! Pronto, já é o suficiente para que o paciente desenvolva uma osteomielite.
Por este motivo, a osteomielite é normalmente a grande causa das amputações dos pés diabéticos. Cuidar das feridas ou até mesmo preveni-las é a maior prevenção para amputações destes pés.
Diagnosticando a osteomielite em pacientes com pé diabético
O diagnóstico da osteomielite em pacientes com pé diabético é semelhante ao diagnóstico de osteomielite em outros locais do corpo. Para isso, combina-se avaliação clínica com investigações complementar por meio de exames de sangue e de imagem para presumir uma infecção óssea. Falamos em presunção pois o diagnóstico confirmatório é realizado através de exames de cultura do osso e de anatomia patológica.
• Exame clínico:
Primeiramente, o médico faz uma avaliação dos pés. Dor, vermelhidão, inchaço e, por vezes, a presença de feridas ou cicatrizes locais em um pé diabético podem ser indicativos de osteomielite.
Legenda: Imagem clínica do quarto dedo de um pé diabético com osteomielite
• Testes de laboratório:
Exames de sangue são frequentemente solicitados para avaliar marcadores inflamatórios. Um aumento dos glóbulos brancos e níveis elevados de proteína C-reativa ou velocidade de hemossedimentação podem indicar uma resposta inflamatória no corpo, muitas vezes associada a infecções.
• Raio-X:
Um raio-X do pé pode ser o primeiro passo na avaliação de imagem. No entanto, as mudanças ósseas da osteomielite podem demorar até duas semanas para serem visíveis no raio-X.
Legenda: Radiografia de um pé diabético demonstrando destruição óssea da falange proximal do quarto dedo do pé.
• Tomografia computadorizada:
A tomografia computadorizada é um super RX, no entanto ela capta apenas alterações crônicas da osteomielite, tais como sequestros ósseos. Não sendo possível avaliar de forma mais sensível os limites da infecção.
• Ressonância magnética:
Este é considerado o “padrão-ouro” para o presumir a osteomielite, especialmente nos estágios iniciais. A RM pode detectar mudanças no estruturais precoces dos ossos acometidos pela ressonância, tornando-se uma ferramenta valiosa na avaliação da presunção da osteomielite.
Legenda: Exame de ressonância magnética de paciente do paciente com pé diabético com osteomielite no quarto dedo mostrando sinais de osteomielite mais avançados em relação as radiografias.
• Cintilografia óssea:
Este exame envolve a injeção de subtâncias radioativas no corpo que são subtâncias utilizadas por determinadas células. Existem diversas subtâncias que podem ser utilizadas nesse exame, dependendo de qual célula queremos avaliar. Desta maneira, esse exame torna-se muitas vezes muito sensível para avaliação de problemas inflamatórios / infecciosos locais, no entanto torna-se pouco específico para osteomielite, além de não conseguir indicar com exatidão o local onde há a infecção. Torna-se muito válido naqueles pacientes que possuem contra-indicação de realizar ressonância magnética.
• Biópsia Óssea:
Para confirmarmos o diagnóstico de osteomielite, é necessário a coleta de culturas do osso e também envio para anatomia patológica. Uma amostra do osso é retirada e enviada ao laboratório para análise. Além de confirmar a osteomielite, essa análise também pode identificar o tipo de microorganismo responsável pela infecção, auxiliando na escolha do tratamento mais eficaz.
Agende sua consulta caso tenha um pé diabético para tratamento e prevenção de feridas.
Dr. Eduardo Pires, possui mestrado em cirurgia do pé e tornozelo pela USP e ministra aulas de diagnóstico de osteomielite em pé diabético para colegas médicos.
Fale Conosco
Rua Doutor Alceu Campos Rodrigues, 46 – Conjunto 28
Vila Nova Concieção – Ao lado do Hospital Vila Nova Star
Vila Nova Concieção – Ao lado do Hospital Vila Nova Star