Substitutos ósseos no tratamento da osteomielite

Sabemos que o tratamento cirúrgico da osteomielite envolve a limpeza e debridamento ósseo de todo tecido com sinais de desvitalização.
Desta maneira, é comum o surgimento de cavidades intra-ósseas após o debridamento e ressecção de todo arcabouço ósseo desvitalizado, dentre eles a retirada do famoso sequestro ósseo.
Esta cavidade óssea formada, se não preenchida por nenhum substituto ósseo, é preenchida por sangue pelo nosso corpo, formando um hematoma local. Este hematoma torna-se um prato cheio para as bactérias remanescentes no local, podendo formar um abscesso local, gerando falha no tratamento da osteomielite.
Por este motivo, usualmente utilizamos substitutos ósseos para o preenchimento desta cavidade. Estes substitutos ósseos devem ter preferencialmente três características:
Ou seja, induzir o nosso corpo a produzir tecido ósseo para fechar a cavidade, gerar um ambiente inóspito para bactérias e ser absorvido após algum tempo pelo nosso organismo para que não tenha que ser retirado.

Cimento ósseo (PMMA):

O mais antigo substituto ósseo utilizado nesses casos é chamado cimento ósseo (polimetilmetacrilato – PMMA). O cimento ósseo não é um indutor do crescimento ósseo. No entanto ele possui micro porosidades que quando misturado a determinados antibióticos, este antibiótico é liberado localmente em maiores quantidades comparado com o administrado por via oral ou endovenosa.
Desta maneira, além da capacidade de preencher a cavidade, ele libera de maneira gradual antibiótico local por um certo período (aprox. 4-8 semanas), tratando a osteomielite localmente. No entanto, por não ser absorvível, a recomendação atual é retira-lo após alguns meses para que o mesmo não se torne um corpo estranho na qual as bactérias possam se aderir e criar um biofilme.
Existem hoje no mercado diversos cimentos ortopédicos, alguns já com o antibiótico em sua fórmula, outros o ortopedista precisa misturar o antibiótico de sua preferência durante a confecção do cimento.
medicamentos

Exemplo de cimento já com antibiótico.

No entanto, novas tecnologias têm surgido como substitutos ósseos mais modernos. Dentre eles, dois merecem destaque:

Sulfato de cálcio com antibiótico:

O sulfato de cálcio trata-se de um enxerto ósseo utilizado há muitos anos, conhecido pelo seu poder de ser absorvido pelo organismo e também ser osteoindutor do crescimento ósseo. Desta maneira, ele tem sido utilizado como um carreador de antibiótico. Ou seja, durante a sua confecção, é misturado determinados antibióticos e colocado em pequenas formas, criando várias pequenas esferas impregnadas de antibiótico que são colocadas no local da falha óssea. Desta maneira, conforme as esferas vão sendo absorvidas, elas liberam antibiótico local em altas concentrações, colaborando para o tratamento da osteomielite. Além disso, por ser absorvível, não há a necessidade de uma nova abordagem para sua retirada.
Suas desvantagens são o preço e por geraram uma reação inflamatória local, usualmente há drenagem de grande quantidade de exsudato.
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Exemplo do Sulfato de Cálcio preparado com antibiótico para uso em osteomielite.

Biovidro:

O Biovidro trata-se de grânulos de vidro com os seguintes componentes: silício (Si), sódio (Na), cálcio (Ca) e Fósforo (P). Esta mistura resulta em um substituto ósseo que possui características de osteoindução do crescimento ósseo. Além disso, por liberar cálcio e sódio na cavidade óssea, eleva o pH local, gerando um ambiente alcalino e inóspito para bactérias, não precisando assim adicionar antibióticos em sua fórmula. Além disso, assim como o sulfato de cálcio, ele é absorvível, não sendo necessário sua retirada.
Suas desvantagens são o preço e por geraram uma reação inflamatória local, usualmente há drenagem de grande quantidade de exsudato.
injeção óssea

Exemplo de biovidro sendo utilizado em cavidade óssea.

Artigos tem mostrado similaridade nos desfechos utilizando biovidro ou sulfato de cálcio com antibióticos, desta maneira, converse com seu médico a preferência dele.

Fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29119078/

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