Diagnóstico da Osteomielite – Como Diagnosticar a Osteomielite?

Diagnóstico de Osteomielite como funciona

A osteomielite é uma infecção óssea, ou seja, significa que algum microorganismo chegou até o osso e está o infectando. Para realizar então o diagnóstico da osteomielite, devemos comprovar a presença desse microorganismo no osso (exame de culturas) ou mostrar as alterações que esses microorganismos causam dentro do osso (exame de anatomia patológica).

Osteomielite é quando algum microorganismo coloniza o nosso tecido ósseo.

A osteomielite pode ser causada por diversos microorganismos, tais como bactérias, fungos e até micobactéria (o exemplo mais comum de micobactéria é o microorganismo causador da tuberculose). Desta maneira, cada microorganismo tem suas peculiaridades, fazendo com que o diagnóstico da osteomielite muitas vezes não seja muito fácil.

Diversos tipos de microorganismos podem gerar a osteomielite.

Desta maneira, para termos a confirmação da osteomielite, precisamos ter um exame de culturas positivo para crescimento do microorganismo ou um exame de anatomia patológica positivo para osteomielite.

Exemplo de crescimento bacteriano em um exame de cultura.

Fonte: https://www.prolab.com.br/blog/curiosidades/como-preparar-um-meio-de-cultura-para-bacterias-e-fungos/

Exemplo de achados de anatomia patológica em um osso com osteomielite.

No entanto, a associação da história clínica, com exame físico e exames de imagem podem dar sinais sugestivos de osteomielite.

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HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO

A história clínica continua sendo muito importante para pensarmos no diagnóstico da osteomielite. Pacientes que foram submetidos a cirurgias de correção de deformidades ósseas, pacientes em pós operatório de fraturas (expostas ou não) e pacientes com úlceras diabéticas devem pensar em osteomielite quando a evolução da ferida não está satisfatória ou quando possui inchaço, vermelhidão e até drenagem de secreção no local ou próximo a cicatriz.

Além disso, crianças com dor e inchaço em algum membro associado a febre também deve ser investigado osteomielite. Quando pensamos no diagnóstico da osteomielite, alguns exames de imagem podem ser realizados para colaborar com a suspeita e darmos início ao tratamento da osteomielite. 

Embora o diagnóstico conclusivo da osteomielite seja apenas com exames de anatomia patológica e culturas, a associação da história clínica, exame físico e exames de sangue e de imagem característicos de osteomielite geram grande assertividade para o diagnóstico da osteomielite.

Exames de sangue

Embora não exista nenhum exame de sangue conclusivo para o diagnóstico da osteomielite, alguns exames laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico e também no tratamento. É importante ressaltar que esses exames não precisam vir alterados para o diagnóstico da osteomielite. Ter uma osteomielite no dedo do pé é diferente de uma osteomielite da perna, pois são ossos de tamanhos muito diferentes. Além disso, durante uma osteomielite na fase aguda há muito mais processo inflamatório do que uma osteomielite crônica. Assim, esses exames podem vir desde normais até muito alterados.

Quando muito alterados, o utilizamos para medir a eficiência do tratamento, pois podemos realizar de maneira seriada e acompanhar a aumento e redução da inflamação no corpo.

Os exames de sangue mais realizados para o diagnóstico da osteomielite são:

  • Hemograma Completo: No hemograma é comum observados o aumento dos leucócitos (leucocitose). Os leucócitos são diversos tipos de células que são encarregadas de fazes a defesa do nosso corpo. Quando há esta leucocitose, é observado o aumento do leucócito chamando neutrófilos. 
  • PCR / VHS / Alfa1- Glicoproteína: Chamadas provas inflamatórias, cada exame desse mede de forma diferente como está a inflamação no corpo. Esses exames auxiliam muito durante o tratamento. Quando há uma elevação das provas inflamatórias antes de iniciarmos o tratamento, podemos acompanhá-la e ver se os valores estão normalizando ou não. Quando estão normalizando, podemos interpretá-la que o tratamento está surtindo efeito.

EXAMES DE IMAGEM

Diversos exames de imagens podem ser realizados na tentativa de confirmar o diagnóstico da osteomielite. Neste artigo falaremos como cada exame pode nos ajudar no diagnóstico da osteomielite.

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Radiografias

A radiografia é um exame que avalia a densidade óssea. Sabemos que para vermos uma alteração real no RX é necessária uma degradação de aproximadamente 30% do osso. Desta forma, as alterações radiográficas dependem da velocidade de destruição óssea das bactérias.

Por este motivo, estudos demonstram que as alterações observados no raio-X possuem pelo menos 14 dias de evolução. Desta maneira, um RX normal não pode afastar o diagnóstico de osteomielite e um RX demonstrando destruição óssea normalmente já chamamos de osteomielite crônica.

Ou seja, as radiografias não conseguem diagnosticar a osteomielite aguda.

Imagem de RX demonstrando sinais de osteomielite crônica nos ossos do quarto dedo do pé. Observa-se sinais de destruição óssea das falanges.

Tomografia Computadorizada

A tomografia é um super raio X, desta maneira é possível observar no exame de tomografia sinais de maneira mais precoce da destruição óssea comumente presente da osteomielite, além de demonstrar coleções de pus, ar e sequestro ósseo. No entanto, por não deixar de ser um super Rx, não é possível observar áreas de osteomielite aguda, ou seja, locais onde ainda não houve destruição óssea.

Imagem de tomografia computadorizada demonstrando sinais de ar no interior do calcâneo.
Imagem de tomografia demonstra sequestro ósseo intramedular de um paciente com diagnóstico de osteomielite.

Ressonância magnética

Excelente exame para avaliar os tecidos ao redor do osso, além do aspecto ósseo, tais como inflamação. Deste modo, é considerado o melhor exame para investigar osteomielite, principalmente nos seus estágios iniciais. 

Ao contrário do RX e tomografia computadorizada, o exame de ressonância não avaliar densidade óssea. Ela avalia através de seu campo magnético o vibração do íon hidrogênio presente em nosso corpo em grande quantidade nos líquidos corporais (H2O) e na gordura.

Desta maneira, quando observamos aumento da quantidade de líquido dentro do osso, dizemos que ali tem alguma inflamação, podendo ser desde um trauma local até uma infecção (osteomielite). Essa imagem chamada T2 nos auxiliar a ver até qual região óssea tem inflamação, inferindo até onde a osteomielite pode estar. Já a imagem que detecta gordura, nos auxiliar a ver o padrão de acometimento ósseo, visto que quando inicia-se o processo de destruição óssea, a gordura que é muito presente no interior de nossos ossos também é consumida. Desta maneira, a ressonância nos auxilir muito tanto no diagnóstico da osteomielite, quando no planejamento cirúrgico do seu tratamento.

Fonte: Imagens do autor sobre Diagnóstico da Osteomielite

Ressonância magnética demonstrando área de osteomielite no quarto metatarso. Note na imagem a esquerda, na qual capta liquido inflamatório que o quarto metatarso  circulado esta em um cor mais clara do que os outros ossos do pé. Além disso, quando observamos a imagem da direita que capta gordura, vimos que na cabeça do quarto metatarso já não há mais gordura, nos demonstrando sinais de destruição completa da cabeça do quarto metatarto.

PET/CT com FDG

Este exame é pouco utilizado, possuindo benefícios em casos onde há dúvida sobre osteomielite em pacientes possuem alguma contraindicação de realizar ressonância magnética (tais como alguns marca-passos mais antigos, stents cerebrais, dentre outros) ou quando precisamos aumentar a assertividade do diagnóstico da osteomielite quando os resultados da ressonância magnética geram dúvidas.

O PET/CT com FDG é a união de uma cintilografia óssea associada a tomografia computadorizada, na qual é injetado na corrente sanguínea uma molécula de glicose marcada com um material radioativo (geralmente o flúor-18). Isso faz com que áreas onde há um maior metabolismo da glicose seja realçado. Esse exame é utilizado mais rotineiramente para acompanhamento de cancer, mas também colabora em alguns casos para o diagnóstico da osteomielite.

Imagem de PET/CT com FDG na qual detecta aumento de captação de glicose em sitio onde há sinais de suspeita de osteomielite após fratua do fêmur.

Para o Dr. Eduardo Pires, a investigação diagnóstica da osteomielite é extremamente importante. A investigação bem-feita é crucial para o planejamento do melhor tratamento. Assim como outras lesões, o diagnóstico preciso gera um tratamento personalizado para cada caso, aumentando assim a previsibilidade do tratamento.

Sabemos que nenhum médico pode prometer a cura da osteomielite devido a capacidade de muitos microorganismos ficarem quiescentes por muito tempo. No entanto quando planejamos de maneira sistematizada o tratamento da osteomielite, com uma equipe multidisciplanar, as chances de cura aumentam de maneira demasiada.

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